Procuro a cadência dos teus passos nas escadas
e o som dos teus dedos a bater à porta
procuro o ruído calmo da tua respiração durante o sono
procuro o teu odor na almofada…
Procuro nos sentidos a constância desse tempo
desses sonhos e vontades satisfeitos sem más constelações
procuro a emoção de te esperar para jantares comigo
e o jantar já arrefece no fogão…
Procuro… procuro…
procuro-te, numa eterna procura que me mata
a cada dia que passo sem te encontrar no espaço do meu tempo
neste espaço em que eu vivo, sempre de olhos postos
no passado que era nós…
Procuro-te no cadenciado som da chuva
na brisa do mar e no calor do sol
procuro-te no Universo e no jardim que semeámos e cuidámos
quando o tempo era só tempo e eu e tu apenas nós…
Procuro-te no tempo que passo à tua espera
à janela do meu quarto, de onde te avistava
sempre que chegavas e eu te esperava e te beijava
com ternura e ansiedade e tanto medo de ficar sem ti…
(Felipa Monteverde)
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