Antigamente, na noite de 5 para 6 de janeiro, juntavam-se grupos de pessoas para cantar os Reis. Cantar os Reis era andar de porta em porta, a tocar um instrumento qualquer e a cantar, normalmente, quadras alusivas aos donos das casas visitadas. A ideia era receber, com isso, algo em troca, que normalmente vinha do fumeiro ou da salgadeira dos donos de casas ricas ou alguma moedinha das casas pobres.
Quando eu era pequena isso ainda se fazia mas atualmente só o fazem grupos organizados, como os ranchos folclóricos, os escuteiros ou outros, para angariação de fundos, já não é para matar a fome.
Como se recebiam chouriços e outros produtos de fumeiro e salgadeiras, ao almoço do dia 6 fazia-se o cozido à portuguesa, com o produto dos Reis.
Há até um ditado que diz: "Os Reis pedem-se a 5 e comem-se a 6."
Eis algumas quadras cantadas nessa altura:
Dê-nos esmola pràs almas
Dê-no-la para nós também;
Deus lhe cubra de glória
Uma filhinha que tem.
Ó que casinha tão alta
Com vinte palmos de altura;
O patrão que nela mora
É o rei da formosura.
Refrão:
Flores, dolores
E lírios cantai:
Espírito nascido
Bendito sejais.
Outra cantiga:
Venha cá, senhora Dolores
Com seu raminho ao peito;
Quando vai para o amor
Pisca-lhe o olho direito.
Venha cá, senhora Emília
Raminho de salsa crua;
No meio da sua sala
Nasce o sol e põe-se a lua.
Viva o senhor Manuel
Num banquinho de cortiça;
Bote a mão ao seu fumeiro
E dê-nos uma chouriça.
Refrão:
Aqui vimos, aqui vimos
Aqui vimos, bem sabeis
Vimos dar as boas festas
E também cantar os Reis.
(Recolha de Felipa Monteverde)
1 comentário:
Bom dia, querida Felipa!
Feliz Dia de Reis!
Deixo meu carinho, um abraço apertado e um beijo fraterno.
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