Deitei um dia ao mar o meu sorriso
a ver o que trazia na maré
a ver se me trazia o sal que piso
nas lágrimas de um mau sonho que não é
senão o verbo amar desconjugado
senão a solidão e a desventura
trazidas na maré de um mau-olhado
que à costa deu sem forma ou figura.
E o meu sorriso nadou em negras águas
subiu às ondas, derrubou marés
mas perdeu-se por fim nas minhas mágoas
trazidas na ignorância de quem és:
se és sonho ou navio ou futuro
se és assombração ou alegria
se és sonho mau em que me aventuro
ou simplesmente pura fantasia...
(Felipa Monteverde)