Era uma noite gelada
era uma noite tão fria
e o pobrezinho saudoso
do calorzinho do dia.
Havia fogos acesos
em lareiras, em cozinhas
e o pobrezinho gemendo
ia na rua, tremendo
de tanto frio que tinha.
E era Natal.
As luzinhas nas janelas
imitavam as estrelas
e os pinheirinhos tão belos
anfitriões de castelos
arrogavam a pobreza
de quem nada tem à mesa
e cintilavam dolentes.
E era Natal.
Era Natal pelas casas
onde havia boas brasas
em lareiras, em fogueiras
e a alegria das prendas
e as toalhas de rendas
cobertas com os manjares.
E era Natal.
Natal onde não há pobres
porque esses ficam na rua
onde só a mágoa é sua
que o resto... pertence aos nobres.
E é Natal.
Na minha casa e na tua
e o frio fica na rua
e a fome fica lá fora
"Já não há pobres agora"
dizemos com convicção
"ninguém tem fome de pão
que o pão só faz engordar..."
E é Natal...
(Felipa Monteverde)
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